sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A sociologia de Karl Marx - reformulada -2ºano

 O Alemão, filósofo e economista Karl Marx (1818-1883) é um dos principais autores que contribuiu para o surgimento da sociologia. Ele nasceu e viveu no período em que o capitalismo estava se consolidando, presenciou as intensas transformações sociais, econômicas, e políticas que estavam ocorrendo na Europa. Karl Marx se preocupou não apenas em compreender a forma de organização da produção que estava se consolidando no século XIX, sistema capitalista, mas também construiu duras críticas a esse sistema. Karl Marx, ao lado do seu companheiro de estudos Friederic Engels realizou diversas pesquisas sobre a política e, principalmente, o trabalho no século XIX. Contribuiu também para o desenvolvimento do método das ciências sociais. Para estes autores o método utilizado para a análise da sociedade deve partir dos indivíduos reais, das condições materiais de vida, nas quais as mudanças podem ocorrer, e que podem ser analisadas de forma empírica. Assim, o método utilizado por Marx é chamado de materialismo histórico (a análise da sociedade deve partir das condições materiais de existência dos indivíduos, isto é, a forma com os indivíduos produzem influenciará na forma de organização da sociedade). 
No momento em que os homens produzem seus próprios meios de existência eles produzem a si mesmos. Isso quer dizer que a forma como os indivíduos produzem e se relacionam com os meios de produção irão influenciar na forma como os indivíduos vivem. Três elementos são importantes na produção e no desenvolvimento da história: as forças produtivas (trabalho), a divisão do trabalho e o intercâmbio interno e externo. As forças produtivas referem-se a relação entre os meios de produção (técnicas utilizadas no processo de trabalho, ferramentas, matéria prima, capitais e equipamentos) e as relações de produção que é a forma como o homem atua sobre a natureza e entre os outros homens, a forma como essa relação se dá, juntamente com as forças produtivas (meios de produção + trabalho humano), determina o modo de produção de um momento histórico.
O conceito de modo de produção ocupa um lugar central na teoria de Marx. Marx identifica o modo de produção com a estrutura (infraestrutura) da sociedade, que é o conjunto das relações de produção com as forças produtivas. É sobre essa base, diz Marx, que se ergue a cultura, a organização política e as ideologias (inclusive as religiões da sociedade). Existem, assim, dois níveis na concepção marxista da sociedade: o da infraestrutura (relações de produção e forças produtivas) e o da superestrutura (Estado, Igreja, Cultura, etc). Na produção social da própria vida, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade. Essas relações de produção correspondem a uma determinada etapa do desenvolvimento das forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade. Essa estrutura é a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e espiritual. Ou seja, não é a consciência que determina o seu ser, mas, ao contrario, é o seu ser social que determina a consciência.
Marx ao analisar o sistema capitalista de produção realiza também uma crítica a esse sistema econômico. O que caracteriza o sistema capitalista de produção são as relações assalariadas de produção (o trabalho assalariado) e a propriedade privada dos meios de produção (fábricas, minas, terras) e de circulação das riquezas (casas comerciais, bancos, etc.). Neste sistema, há uma divisão entre os detentores dos meios de produção (burguesia) e os trabalhadores que detém apenas sua força de trabalho. É no contexto dessa divisão, que surgem duas principais classes que se opõem: a burguesia e o proletariado. A burguesia passou a ter acesso, a partir da atividade comercial à posse dos meios de produção, enriqueceu e também passou a controlar o poder do Estado. Com esse acesso ao poder do aparelho estatal, a burguesia foi capaz de usar sua influencia sobre ele para criar leis que protegessem a propriedade privada, condição indispensável para a sua sobrevivência, além de usar o Estado para difundir sua ideologia de classe, isto é, os seus valores de interpretação do mundo. Enquanto isso, a classe assalariada, os proletários, sem os meios de produção e em desvantagem na capacidade de influencia política na sociedade, transforma-se em parte fundamental no enriquecimento da burguesia, pois oferecia mão-de-obra para as fábricas.
Marx se empenhava em produzir escritos que ajudassem a classe proletária a organizar-se e assim sair de sua condição de alienação. Alienado, segundo Marx, é o homem que não tem controle sobre o seu próprio trabalho, em termos de tempo e em termos daquilo que é produzido, coisa que o capitalismo faz em larga escala, pois o tempo do trabalhador e o produto (a mercadoria) pertencem à burguesia, bem como a maior parte da riqueza gerada pelo trabalho.
O objetivo do sistema capitalista, como modo de produção, é justamente a ampliação e a acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários dos meios de produção Mas de onde sai essa riqueza? Marx diria que é do trabalho do trabalhador. Veja um exemplo. Quantos sofás por mês um trabalhador pode fazer? Vamos imaginar que sejam 15 sofás, os quais multiplicados a um preço de venda de R$ 300,00 daria o total de R$ 4.500,00. E quanto ganha um trabalhador numa fábrica? Imagine que seja uns R$ 1.000,00, para sermos mais ou menos generosos. Bem, os R$ 4.500,00 da venda dos sofás, menos o valor do salário do trabalhador, menos a matéria-prima e impostos (imaginemos R$ 1.000,00) resulta na acumulação de R$ 2.500,00 para o dono da fábrica. Esse lucro Marx chama de mais-valia, pois é um excedente que sai da força de cada trabalhador. Veja, se os meios de produção pertencessem a ele, o seu salário seria de R$ 3.500,00 e não apenas R$ 1.000,00. Marx também via o homem como aquele que pode transformar a sociedade fazendo sua história, mas enfatiza que nem sempre ele o faz como deseja, pois as heranças da estrutura social influenciam-no. Assim sendo, não é unicamente o homem quem faz a história da sociedade, pois a história da sociedade também constrói o homem, numa relação recíproca. Em outras palavras, as condições em que se encontram a sociedade vão dizer até que ponto o homem pode construir a sua história.