A sociologia, a antropologia e a história, dentre outras ciências sociais, já revelam há tempos que não existem raças, isto é, que não há subespécies entre os humanos que se diferencia por terem qualidades diferenciadas (alguns aptos para o trabalho, outros para o estudo), desde mais meados da década de 1990 surgem várias pesquisas genéticas que revelam o que as ciências sociais já pronunciavam "não existem raças" no que se refere ao ser humano. Veja abaixo algumas partes da entrevista da Revista Isto é de 1998
Não existem raças.
Diferenças insignificantes Para chegar a esta afirmação, uma equipe de cinco cientistas estudou e comparou mais de oito mil amostras genéticas colhidas aleatoriamente de pessoas de todo o mundo. Segundo Alan Templeton, biólogo americano que dirigiu a pesquisa, diferentemente de todas as outras espécies de mamíferos, não há raças entre os humanos porque "as diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são insignificantes". Para que o conceito de raça tivesse validade científica, "essas diferenças teriam de ser muito maiores". Ou seja, não importa a cor da pele, as feições do rosto, a estatura ou mesmo a origem geográfica de qualquer ser humano (traços que distinguem culturalmente as etnias): geneticamente, somos todos muito semelhantes. Curiosamente, foi no Brasil que Templeton tomou consciência de que o conceito de raças poderia ser puramente cultural. "Em minha primeira visita ao Brasil em 1976, eu descobri que a classificação racial usada pelos brasileiros não era a mesma usada nos Estados Unidos; que a mesma pessoa poderia ser classificada de forma bem diferente em dois países", disse ele a ISTOÉ. "Aquela experiência me ensinou então que o conceito de raça não é necessariamente biológico." Templeton está voltando nesta segunda-feira 16 pela terceira vez ao Brasil, onde vai conhecer de perto uma pesquisa que está definindo o retrato genético da população brasileira.
O trabalho realizado pela equipe de Templeton se somou a pesquisas anteriores que já vinham apontando essa unidade na espécie humana. "Infelizmente, a noção popular de raça esteve sempre tão vinculada erroneamente à biologia que será difícil derrubar essa crença", afirmou o cientista americano. "Mas acho que uma das formas mais úteis é justamente o cruzamento cultural que percebi no Brasil." Ele e sua equipe passaram os últimos dois anos usando as mais modernas técnicas da biologia molecular para analisar o chamado DNA mitocondrial (material genético herdado por todos nós, geração após geração, apenas pelo lado da mãe). Bem como o cromossomo Y do código genético (herdado apenas pelo lado do pai) e o DNA contido no núcleo de todas as células do organismo (herdado dos dois sexos). Esses dados, colhidos de doadores anônimos das mais diversas partes do globo, inclusive de índios brasileiros, foram então inseridos em computadores programados para análises criteriosas.
Tese brasileira Os resultados mostraram que, quando há diferença genética significativa, pelo menos 85% dela acontece entre indivíduos dentro de um mesmo grupo étnico (como os asiáticos, por exemplo). As diferenças entre etnias (brancos europeus e negros africanos, por exemplo), que seriam a base para haver raças distintas, são de apenas 15% ou menos que isso. "Um índice muito abaixo do nível usado para diferenciar raças dentro de qualquer espécie animal", explica Templeton. Isso quer dizer que dois brancos europeus diferem mais entre si do que em conjunto diferem de um africano. "Portanto, os humanos são a mais homogênea espécie que conhecemos", diz ele. A capa da ISTOÉ é uma representação dessa homogeneidade: uma jovem loira de olhos verdes é resultado do cruzamento das mais diversas etnias, que remonta aos mais longíquos antepassados humanos surgidos na África. Como lembra o médico geneticista brasileiro Sérgio Danilo Pena – que há anos é um dos cientistas que defendem a tese agora comprovada por Templeton –, "a nossa igualdade está justamente no fato de que todos somos igualmente diferentes".
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